quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Quinze Minutos (mas, poderia ser uma eternidade).



fevereiro de 2005




Homossexual, bissexual, metrossexual, heterossexual... Nomes complicados que na realidade só servem mesmo para preencher formulários e questionários de estatísticas. Na era da evolução científica, da modernidade, em que as conversas de salão foram trocadas por salas de bate papo na internet, as pessoas estão se tornando mais frias. Os sentimentos estão sendo esquecidos e nem percebem que estão sendo vitimas de todo esse sistema que as cercam, elas sentem mais necessidades de se relacionarem, de sentir contato físico muito embora não haja envolvimento afetivo. O fato é que já não dá mais para classificar os relacionamentos sexuais sem deixar fluir a sexualidade.
Quinze minutos. Não mais do que isso e já é o suficiente para eu me sentir o mais feliz dos mortais. Alguns segundos antes: minha boca secou, o coração acelerou, o ar faltou por não acreditar que você estava querendo se envolver comigo ou me envolver em suas fantasias. Logo aquele que sempre me ignora, seu ar de reprovação me deixava angustiado. Agora percebo que seu silêncio escondia um desejo, não sei se de vingança ou de me provar algo. O certo é que fizemos amor. A forma como fui tocado revelou segredos da tua personalidade, talvez desconhecidos ou ignorados por sua pessoa, insegurança; desejo; carência afetiva...
Bocas que se procuram, mãos que se cruzam, braços que se enroscam, pernas que se entrelaçam. Éramos muito mais que dois homens se agarrando.  Éramos a prova de que carinho e afeto não são só limitados ao padrão que a sociedade nos impõe de que homem é para mulher e vice-versa. Estávamos ali desafiando as leis da Física, não é o que sempre nos fora ensinado: “os opostos se atraem, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.”
É uma pena que a prova de nosso relacionamento tenha que ficar ali envolto em uma fibra de látex, jogado ao relento misturado ao orvalho da noite e ressecado ao sol. As testemunhas que presenciaram todo o ocorrido não possam descer do céu e de todas as galáxias e vim provar que durante quinze minutos o tempo parou, porque dois homens se amaram e se despiram de todos os rigores, de todos os dogmas e mitos da ignorância humana.
Toda a sua força vital está acumulada no que sai de você. Nesse instante não sei se sou possuído ou se te domino. Nesses intermináveis quinze minutos, senti uma massagem em meu ego, por poder estar sendo comparado a qualquer mulher. Não que elas não tenham seu valor ou que eu não as aprecie. Mas, é que o mesmo homem que diz amá-las se deita comigo e faz muito mais do que poderia fazer com elas. Passados esses quinze minutos talvez nunca mais me procure, mas, a lembrança desses míseros quinze minutos vai ficar guardada na caixa preta do teu cérebro e a cada noite de luar vai reacender em tua memória como se estivesse passando um filme o qual só nos dois participamos. Todas as vezes que te ver com uma mulher vou ter a certeza: “ele está enganando-a; fazendo promessas que nunca irá cumprir.” Sendo vitima de seus preconceitos egoísta e machista por não querer aceitar os fatos.
Quinze minutos podem parecer poucos, mas revelam muitos segredos e desejos. Comprovando que os homens são escravos de seus membros. Pois, se permitem serem dominados pelo prazer e a fragilidade de um abraço apertado. Quando estão entre quatro paredes ou quando tem a certeza de que não estão sendo vigiados, são as pessoas mais dóceis e meigas que podem existir. Entre dois homens existem mais segredos e mistérios que a própria história da humanidade e apenas quinze minutos é o suficiente para revela-los.
 Tatá Arrasa