fevereiro
de 2005
Homossexual,
bissexual, metrossexual, heterossexual... Nomes complicados que na realidade só
servem mesmo para preencher formulários e questionários de estatísticas. Na era
da evolução científica, da modernidade, em que as conversas de salão foram
trocadas por salas de bate papo na internet, as pessoas estão se tornando mais
frias. Os sentimentos estão sendo esquecidos e nem percebem que estão sendo vitimas
de todo esse sistema que as cercam, elas sentem mais necessidades de se
relacionarem, de sentir contato físico muito embora não haja envolvimento
afetivo. O fato é que já não dá mais para classificar os relacionamentos
sexuais sem deixar fluir a sexualidade.
Quinze
minutos. Não mais do que isso e já é o suficiente para eu me sentir o mais
feliz dos mortais. Alguns segundos antes: minha boca secou, o coração acelerou,
o ar faltou por não acreditar que você estava querendo se envolver comigo ou me
envolver em suas fantasias. Logo aquele que sempre me ignora, seu ar de
reprovação me deixava angustiado. Agora percebo que seu silêncio escondia um
desejo, não sei se de vingança ou de me provar algo. O certo é que fizemos
amor. A forma como fui tocado revelou segredos da tua personalidade, talvez
desconhecidos ou ignorados por sua pessoa, insegurança; desejo; carência
afetiva...
Bocas
que se procuram, mãos que se cruzam, braços que se enroscam, pernas que se
entrelaçam. Éramos muito mais que dois homens se agarrando. Éramos a prova de que carinho e afeto não são
só limitados ao padrão que a sociedade nos impõe de que homem é para mulher e
vice-versa. Estávamos ali desafiando as leis da Física, não é o que sempre nos
fora ensinado: “os opostos se atraem, dois corpos não podem ocupar o mesmo
lugar no espaço.”
É
uma pena que a prova de nosso relacionamento tenha que ficar ali envolto em uma
fibra de látex, jogado ao relento misturado ao orvalho da noite e ressecado ao
sol. As testemunhas que presenciaram todo o ocorrido não possam descer do céu e
de todas as galáxias e vim provar que durante quinze minutos o tempo parou, porque
dois homens se amaram e se despiram de todos os rigores, de todos os dogmas e
mitos da ignorância humana.
Toda
a sua força vital está acumulada no que sai de você. Nesse instante não sei se
sou possuído ou se te domino. Nesses intermináveis quinze minutos, senti uma
massagem em meu ego, por poder estar sendo comparado a qualquer mulher. Não que
elas não tenham seu valor ou que eu não as aprecie. Mas, é que o mesmo homem
que diz amá-las se deita comigo e faz muito mais do que poderia fazer com elas.
Passados esses quinze minutos talvez nunca mais me procure, mas, a lembrança
desses míseros quinze minutos vai ficar guardada na caixa preta do teu cérebro e
a cada noite de luar vai reacender em tua memória como se estivesse passando
um filme o qual só nos dois participamos. Todas as vezes que te ver com uma
mulher vou ter a certeza: “ele está enganando-a; fazendo promessas que nunca
irá cumprir.” Sendo vitima de seus preconceitos egoísta e machista por não querer
aceitar os fatos.
Quinze
minutos podem parecer poucos, mas revelam muitos segredos e desejos.
Comprovando que os homens são escravos de seus membros. Pois, se permitem serem
dominados pelo prazer e a fragilidade de um abraço apertado. Quando estão entre
quatro paredes ou quando tem a certeza de que não estão sendo vigiados, são as
pessoas mais dóceis e meigas que podem existir. Entre dois homens existem mais
segredos e mistérios que a própria história da humanidade e apenas quinze
minutos é o suficiente para revela-los.
Tatá Arrasa