terça-feira, 7 de outubro de 2014

EU, A NOITE E VOCÊ



05/03/ às 23:00 h

De uns tempos para cá venho sendo acometido de uma certa melancolia. Estou sempre querendo me isolar, o silêncio impera e por algumas horas eu fico mudo. Por conta disso estou me afastando das pessoas que mais gosto e que acompanham todos os momentos de minha vida.
Ontem estava assim, meio deslocado querendo sumir, uma certa instabilidade emocional que me fez sair de casa altas horas no intuito de apreciar a noite e buscar conforto ou uma ponta de esperança entre as estrelas. Enquanto refletia sobre os últimos acontecimentos, envolto em tanta tristeza que até a lua pode sentir, pois não estava radiante como dantes, o céu não estava estrelado e uma densa nuvem escura envolvia toda a noite, como se quisesse compartilhar todo o meu sofrimento, querendo para si a minha dor.
Estava tão desnorteado que não percebi que você se aproximava de mim. De onde surgiu não sei, quem sabe foi presente de alguma divindade? Ou os deuses do Olimpo quiseram amenizar o meu sofrimento, mandando você para mim. Foi tudo tão rápido, bem menos que os quinze minutos da última vez. Os acontecimentos falam por si, foi maravilhooossssooo! Não sei tudo isso é devido a sua beleza, um traço oriental misturados com uma descendência tupiniquim; um comportamento selvagem, meio arisco como um bicho do mato que me deixa completamente extasiado. Perdi a conta de quantas vezes te esperei, em outras ocasiões te vi saindo com algumas mulheres e eu ficava apenas no desejo, agora você estava ali como se adivinhasse o que se passava comigo e veio servir de alento para minha angustia. Não conversamos, não houve caricias apenas penetração. Percebi que você estava ansioso, nervoso. Talvez por conta do local onde estávamos, quem sabe inexperiência? Aquela excitação toda foi aliviando a minha apatia, quando estava bem relaxado veio o inesperado. Apesar de todo o seu silêncio, sua discrição e toda sua postura machista você se rendeu e me beijou na boca com uma voracidade, como se sentisse que a partir daquele instante tudo mudaria em você. Foi tão mágico e meteórico que nem questionei apenas aproveitei o apogeu do sexo, no instante que você me beijava tudo se consumava. Eu lhe dei prazer e você me retribuiu, decepando toda a minha nostalgia, impulsionando o meu ego que estava em baixa. Até minha companheira lua que se encontrava  apagada se revelou em um grande circulo dourado irradiando tudo que se encontrava no escuro. Nesse exato intervalo de tempo você se deixou desabar sobre mim, encostando a cabeça em meu ombro. Esses gestos expressaram os sentimentos mais harmoniosos. Os quais as palavras mais belas e sábias pronunciadas no mais rico idioma conseguiram traduzir.
Ao me beijar você violou as leis do meu coração. Segundo os meus princípios o ato de beijar exprime emoções e afetos que só onde há muita intimidade e confiança é permitido. Você profanou o céu da minha boca ao roçar sua língua na minha, seu hálito é quente como o sangue que corre em minhas veias: seus lábios têm o gosto do fruto proibido, o mesmo sabor da fruta que fez Eva desobedecer às leis divinas.
É no silêncio da noite que tudo acontece. O machismo revela sua verdadeira identidade: carênciiiiiaaaaa!
Tatá Arrasa

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Coração Leviano




Ah coração leviano
 Deixa de ser sacana
Causando sempre engano
 E depois me apaixona


Então fico eu
 Gritando calado
Chorando abafado
Rindo disfarçado
Por não ser amado

Coração leviano
Deixa de pranto
E não sofre tanto
Por ser leviano

Eu tenho essa mania
De confundir olhar e sorriso
E sempre me entregar à magia
Vivo sonhando com o alivio
De não ser só um bom dia

Tatá Arrasa














quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Quinze Minutos (mas, poderia ser uma eternidade).



fevereiro de 2005




Homossexual, bissexual, metrossexual, heterossexual... Nomes complicados que na realidade só servem mesmo para preencher formulários e questionários de estatísticas. Na era da evolução científica, da modernidade, em que as conversas de salão foram trocadas por salas de bate papo na internet, as pessoas estão se tornando mais frias. Os sentimentos estão sendo esquecidos e nem percebem que estão sendo vitimas de todo esse sistema que as cercam, elas sentem mais necessidades de se relacionarem, de sentir contato físico muito embora não haja envolvimento afetivo. O fato é que já não dá mais para classificar os relacionamentos sexuais sem deixar fluir a sexualidade.
Quinze minutos. Não mais do que isso e já é o suficiente para eu me sentir o mais feliz dos mortais. Alguns segundos antes: minha boca secou, o coração acelerou, o ar faltou por não acreditar que você estava querendo se envolver comigo ou me envolver em suas fantasias. Logo aquele que sempre me ignora, seu ar de reprovação me deixava angustiado. Agora percebo que seu silêncio escondia um desejo, não sei se de vingança ou de me provar algo. O certo é que fizemos amor. A forma como fui tocado revelou segredos da tua personalidade, talvez desconhecidos ou ignorados por sua pessoa, insegurança; desejo; carência afetiva...
Bocas que se procuram, mãos que se cruzam, braços que se enroscam, pernas que se entrelaçam. Éramos muito mais que dois homens se agarrando.  Éramos a prova de que carinho e afeto não são só limitados ao padrão que a sociedade nos impõe de que homem é para mulher e vice-versa. Estávamos ali desafiando as leis da Física, não é o que sempre nos fora ensinado: “os opostos se atraem, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.”
É uma pena que a prova de nosso relacionamento tenha que ficar ali envolto em uma fibra de látex, jogado ao relento misturado ao orvalho da noite e ressecado ao sol. As testemunhas que presenciaram todo o ocorrido não possam descer do céu e de todas as galáxias e vim provar que durante quinze minutos o tempo parou, porque dois homens se amaram e se despiram de todos os rigores, de todos os dogmas e mitos da ignorância humana.
Toda a sua força vital está acumulada no que sai de você. Nesse instante não sei se sou possuído ou se te domino. Nesses intermináveis quinze minutos, senti uma massagem em meu ego, por poder estar sendo comparado a qualquer mulher. Não que elas não tenham seu valor ou que eu não as aprecie. Mas, é que o mesmo homem que diz amá-las se deita comigo e faz muito mais do que poderia fazer com elas. Passados esses quinze minutos talvez nunca mais me procure, mas, a lembrança desses míseros quinze minutos vai ficar guardada na caixa preta do teu cérebro e a cada noite de luar vai reacender em tua memória como se estivesse passando um filme o qual só nos dois participamos. Todas as vezes que te ver com uma mulher vou ter a certeza: “ele está enganando-a; fazendo promessas que nunca irá cumprir.” Sendo vitima de seus preconceitos egoísta e machista por não querer aceitar os fatos.
Quinze minutos podem parecer poucos, mas revelam muitos segredos e desejos. Comprovando que os homens são escravos de seus membros. Pois, se permitem serem dominados pelo prazer e a fragilidade de um abraço apertado. Quando estão entre quatro paredes ou quando tem a certeza de que não estão sendo vigiados, são as pessoas mais dóceis e meigas que podem existir. Entre dois homens existem mais segredos e mistérios que a própria história da humanidade e apenas quinze minutos é o suficiente para revela-los.
 Tatá Arrasa

domingo, 15 de junho de 2014

E a vida segue...



E de repente, você percebe que não é mais a mesma pessoa. Você não trocou de corpo, e muito menos mudou de nome.
Exceto que o tempo foi passando. Os lugares que antes você frequentava, já não lhe agradam. Aqueles colegas que vez por outra lhe faziam companhia e tomavam alguns copos de bebidas com você hoje eles estão cuidando de suas vidas com suas novas diversões e a vida segue. Você começa a sentir-se estranho e se pergunta “Qual parte do filme eu perdi?”.
Não adianta tentar se iludir, embora nós nos mantenhamos resilientes a mudança à própria vida se encarrega de fazer adaptações em nosso pequeno universo. De forma sistêmica e mecânica começa a selecionar momentos, personagens e decide o que deve permanecer e o que não deve resistir. A vida segue e a você só resta um enorme álbum de fotografias gastas e amareladas pelo tempo. Quando muito um olá ou um sorriso amarelo no canto do lábio, para tentar disfarçar aquele momento sem graça e o silêncio que se instala entre vocês quando se encontram por um acaso.
E a vida segue... Você lembra a última conversa em que você riu muito na companhia daquela pessoa, que costumava encher seus momentos mais tristes de alegria? Você sente que as circunstâncias estão mudando quando suas mensagens começam a ficar sem respostas, ou quando suas atualizações no face book não são curtidas, comentadas e/ou compartilhadas. Suas vitórias não são comemoradas e você já não recebe mais convites nem mesmo para um café. E o que poderia ser pior? Começam a haver segredinhos, mensagens subliminares transcorrem sob o seu olhar e você tenta disfarçar que não estar percebendo e/ou entendendo o que esta acontecendo. É constrangedor, mas é bom saber você estar sobrando.
Com tantas evidências só nos resta então se conformar. A vida segue...
Quem sabe em um dia, nessas muitas voltas que a vida dar vocês ainda possam rir e comentar daquelas situações hoje consideradas ridículas para todos. Porque o presente vivido já é sem graça e certamente o futuro não será diferente, novas companhias e novas aventuras virão pela a frente. Pois a vida segue...
E porque não encerrar citado John Green e seu livro Will & Will, haja vista que esse aforisma resume todo o texto.
“Quando as coisas se quebram, não é o ato de quebrar em si que impede que elas se refaçam. É porque um pedacinho se perde – as duas bordas que restam não se encaixam, mesmo que queiram. A forma inteira mudou.” [...] pág. 201
Tatá Arrasa





segunda-feira, 9 de junho de 2014

Maldito 12 de junho...



 Sobral, 09/06/14 às 10:00 pm


Porque essa data me persegue? 

Mais um ano e o fatídico 12 de junho chega e me joga na cara: solitário, encalhado...

Não que eu me incomode em ser sozinho. Já acho até que estou me tornando assexuado! Realizo-me solitariamente, imagino o rosto, a boca que vou beijar; as mãos que irão me apalpar; o corpo que vou alisar; lamber, morder, acariciar; Deixar-me encaixar e relaxar.

Eu pergunto a você, quem disse que o coito não é em sua maioria das vezes solitário? No momento que estamos nos relacionando com alguém “corpos ardendo, enroscando-se, afunilando-se, espaços sendo preenchidos...”, mas, o pensamento? O coração? Será que tudo está em sintonia? Será que traição é só física? Um pensamento que te faz criar fantasias com outras pessoas no momento em que você está tendo prazer com a pessoa que você convive não é traição?

Traição é correr um risco e você vai ter que aprender a conviver!

Deixando as amenidades de lado, fico eu ouvindo musiquinha romântica, lendo livrinhos românticos, vendo filminhos românticos e fico mais frustrado e me lembro: eu estou sozinho de nooooovvvvvoooo!!!

Acho bonitinhos os casais nas ruas de mãos dadas, os beijos roubados, as brigas por motivos bobos. E eu não queria estar só novamente.

Queria poder dormir de conchinha, ter uma pessoa pra brigar e depois fazer as pazes. Desejo sentir aquela sensação de esperar e ficar imaginando situações do tipo: não vem mais, estar com outro alguém, porque tá diferente? Será que arranjou outra pessoa? Mas, só me vem à mente: eu estou sozinho!!!

Maldito 12 de junho!!!

 Eu não odeio a data eu odeio é ser só.

E o universo acha pouco o meu drama, resolve me torturar e lança o filme do livro que eu amo “A culpa é das Estrelas” precisava ser na semana que antecede o dia dos namorados? E eu fico vendo os personagens ganharem vida, os diálogos tomando formas e eu não me conformo com o final desde a primeira vez que li o livro. Infeliz do John Green precisava ser carrasco e tão implacável, atormentar um pobre casal que nada mais lhe restava a não ser viver o amor, mesmo sem saber se seria para sempre.

O choro fica entalado na garganta, as lágrimas rolam, tenho vontade de gritar e dar meu coração para Hazel Grace e consolá-la, mas quem vai me consolar???

Por tudo isso eu odeio o dia dos namorados!!!!

Tatá Arrasa