sexta-feira, 25 de março de 2016

O sol nos seus olhos

Poema inspirado em meu pai José Martins (Zezim) e sua luta contra o câncer.

Você poderá assistir ao clipe da música  no meu canal. O sol no seus olhos by @tataarrasa e @raquelmartins

O sol nos seus olhos
Na luz da manhã
os sonhos se vão
e virão ilusão,
nossa caminhada pela rua de pedra e casa singela
No pé da cerca vejo uma flor amarela 
sempre bela e ninguém quer ela.

O sol nos seus olhos
O brilho no seu cabelo prateado,
 Seus olhos estão acizentado
Seu passo lento
O tempo correndo
 O sol nos seus olhos
O sol, o sol, o sol

O sol ardendo na pele
 Pele sensível castigada pelo sol
A fragilidade aparente
Em um homem que já foi valente
E hoje tão frágil e tão carente.

Zezim porque tem que ser assim
a vida ter um fim?
Não vá ainda
pegue em minha mão
 me conte uma história linda
só me abrace e fique até o fim.
Não vá, não vá, não vá ainda...

Eu já fui sua criança
e você cuidou de mim,
hoje você é minha criança
e eu cuido de você.

Zezim porque tem que ser assim
a vida ter um fim?
Não vá ainda
pegue em minha mão
e me conte uma história linda
só me abrace e fique até o fim.

Não vá, não vá, não vá ainda...
Tatá Arrasa

O sol nos seus olhos by @tataarrasa & @raquelmartins






domingo, 20 de março de 2016

A Próxima Dança

Aningas, 20/03/16 as 04:30 pm
Era uma reunião simples de família, porem a alegria era presença constante naquela casa. Qualquer motivo era um pretexto para uma festa com direitos a muitos comes e bebes e momentos de afeto.
A festa havia começado há horas, os álbuns de família já tinham sido folheados todos. Cada um dos membros da família tinha compartilhado um momento de felicidade que já vivera na companhia um do outro. Isso significava muito riso, algazarra o que não era novidade em se tratando de uma grande família. Quando do nada, se fez silencio e todos se depararam com a presença de uma estranha senhora.
Ela adentrou casa adentro sem ser convidada, não bateu na porta e muito menos palmas. É uma daquelas visitas indesejadas que vai logo se instalando. Sua presença deixou o ar pesado e o ambiente sem graça, à dona da casa não aguentou tamanha audácia e retirou-se. E ela continuou na casa, oh visita inconveniente. Por mais que os donos da casa se mostrem cortês e finjam não ligar para os seus aborrecimentos, ela se impõe e deseja ser o centro das atenções. De tanto causar aborrecimentos, o primogênito não aguentou mais e deu o braço a torcer, também foi embora. Como dizem “os incomodados que se retirem”.
A vontade dela é desposar o dono da casa. Convidou-o para a próxima dança.  Os quais dançam em um ritmo não ensaiado. Ele tenta escapar de seu abraço, se esgueira, tenta se afastar, mas ela estar coladinha nele. Em um corpo a corpo desengonçado, ela tenta conduzi-lo pelo salão. Ele assume o controle e a conduz, seduzindo-a em rodopios e viravoltas, consegue se desvencilhar dela. Ela o alcança pelo braço e torna o abraça-lo com força, os rostos emparelhados, a respiração em uníssono, os olhos se encontram, os lábios quase colados ensaiam um beijo e quando ela vai finalizar o seu desejo. Ele vira o rosto, a empurra e esbraveja: “Fora da minha casa D. Morte, você não é bem vinda nessa casa”.
Ela se recolhe a sua insignificância, em um canto da casa chora e lamenta o insucesso do seu plano. Contundo não se afasta da família, fica a espreita e ronda a residência a espera de um novo momento para executar a sua árdua tarefa.
Ela vai aguardar um bom tempo ainda, até que o Dono de todas as coisas determine que o último suspiro de vida daquele que ela tanto namora seja consumado. Enquanto isso não acontece, faremos novas festas e novas reuniões familiares, porque o amor e a fé são mais fortes que as vontades do inimigo.
























domingo, 13 de março de 2016

Para Meu Irmão Antônio (Marram)

Aningas / Horizonte -  11/03/16
Meu querido irmão Antônio (meu Marram)
Falar de você não é tão simples quanto parece. Você foi uma pessoa singular, sem grandes feitos, entretanto sua convivência entre nós deixou-nos sábios aprendizados.
Alguns acreditam que para deixarem sua marca é preciso aparecer ou realizar algo como: escrever um livro, participar de um fato histórico ou se tornar famoso. Coisas que você não tinha nem noção, mas sabia claramente o que queria bem com também o que não queria. Você simplesmente “foi”, ou seja, viveu sem muitas inquietações ou angustias e apreciava o básico. Sempre que tomar café lembrar-me-ei de você.
Tinha um jeito peculiar de lembrar-se das pessoas, podia passar o tempo que passasse. Você reconhecia a voz, a cordialidade e o encanto eram o mesmo do primeiro encontro. Sorriso na voz e aperto de mão era obrigatório, gestos tão simples que podem transformar um dia de alguém e acabam passando despercebidos por nós.
O ser humano é conhecido por sua habilidade de se descontentar, estar sempre trocando as coisas pelo que julga ser melhor ou mais atual. Troca até de amores... Mas, você em sua simplicidade só desejava um par de sapatos e ficar sentado na calçada. Perto de você me sentia criança outra vez e juntos cantávamos: “lagarta pintada quem foi que pintou?...” riamos bastante e nada mais importava. Se os adultos não matassem suas crianças interiores e não quisessem achar as respostas antes de fazerem as perguntas, o mundo não seria tão sem graça.
Agora você não estar mais aqui e eu vou precisar brincar com outras pessoas que se encantem com a inutilidade das coisas e se permitam serem elas mesmo, sem máscaras ou se incomodem com o pensamento dos outros.
Infelizmente seu trem chegou e não tem como evitar essa viagem, na plataforma de embarque eu fico triste. Mas te deixo ir, sem remorsos e nem arrependimentos. Vá meu irmão, divirta-se e ensine outras pessoas.
Um beijo do irmão que te amou bastante.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Ser mulher é...


Ser mulher é
logo cedo
estar de pé
Mesmo quando não quer.

Se mulher é
Não fingir
É sentir e sorrir
Sem pressentir.

Ser mulher é
Não só dar prazer
É amar
A quem merecer.

Ser mulher é
Se alegrar
E chorar
Sem demonstrar

Ser mulher é
No inverno aquecer
Na primavera florescer

Ser mulher é
No verão semear
E no outono descansar

Ser mulher é
Ser uma só
E se dividir em mil
Sem deixar de ser infantil

Ser mulher é
Apenas ser mulher
E se orgulhar de ser mulher
Parabéns mulher.